terça-feira, 14 de junho de 2011

Espaço do Artista - Renaldo Tenório de Moura


Convidado para o projeto "Escritor de Plantão" do mês de junho da Biblioteca Popular de Afogados no dia 17 (sexta-feira) das 9h às 12h.
É poeta da União Brasileira de Escritores e membro da Academia Maçônica de Letras -AMALER. Tem Doutorado em Ciências - Área de Botânica (UFRPE) e Mestrado em Oceanografia (UFPE). Tem ministrado cursos e palestras sobre Estudos de Impactos Ambientais e Licenciamento Ambiental em várias Instituições, a exemplo do Curso de Pós-Graduação da FUNESO, no CREA-PE, no Clube de Engenharia. É do IBAMA, atualmente cedido à CHESF. É Autor do Livro: Ei moço, eu sou Poeta? o qual gerou Peça apresentada pelo SESC durante o II Festival de Literatura de Garanhuns – FLIG e no SESC/Recife, PE. As suas mais recentes contribuições para área técnico-científica, são sobre: Licenciamento ambiental; Hidrologia do Litoral de Pernambuco e sobre Saúde ambiental. Tem participação na Antologia das Águas; O Planeta feito Quintal; Programa Quarta as quatro, 50 anos da UBE; Antologia de Poemas da UFRPE; Revista Oficina de Letras (SOBRAMES). O seu livro de poesia mais recente é o Tempo em um ponto, lançado em Lisboa com o patrocínio da COSILIS. Criou bibliotecas em comunidades carentes e de difícil acesso. Destacam-se a Biblioteca indígena da aldeia dos Xucurús-kariris, na divisa de Pernambuco e Alagoas, a revitalização biblioteca de João Alfredo e a biblioteca maçônica do Grande Oriente Independente de Pernambuco.

Um pouco de sua obra:


ÁGUA

Fonte da vida,
Alma dos rios,
Dos lagos sonoros,
Dos lagos sombrios,
Do mar, do mar, do mar.

Veio que pulsa
Que rompe, que brilha,
Quando brota da terra,
Que maravilha o lume do olhar.
Cachoeira que encanta,
Chuáááááááááááááá.

Partículas de vida, da atmosfera,
Que rola na folha, renasce no chão.
Principio das eras que fura a rocha,
Mas faz no riacho, do embrulho da lama
O Pão da biosfera,
Hidrosfera, hidrosfera, hidrosfera.

Água que molha a paisagem,
Que molha a terra
E cresce o trigo,
E fermenta o pão
E cura a fome. 

Água que irriga a sede
E acalma, e deságua
E borbulha na alma,
Fonte da vida
Água, água, água

.....................................................................................................................


A MÁQUINA

Emblemática
É do tempo, a máquina
Tudo conta
Milimetricamente
E automática

É eterna, periódica, sistemática
Mecânica, astronômica
Universal e esquemática
Excêntrica máquina

Perfeita, é exata, cíclica
Precisa e inelástica
Implacavelmente senozóica
Necessariamente cronométrica
Infinitamente rítmica
Extremamente matemática.   




.....................................................................................................................



DA TERRA, A CINZA


Do Chão brota o Homem
Como brota do chão, a árvore
Mas ignora o tempo
E destrói seu Chão

E vai além
Desfolha a Terra e fere a vida
Desforra o Berço e mata o irmão
Acinzenta a Fonte
Empalidece a Mãe

E como quem sente
Ou como quem seja
Filho bastardo
Procura um Pai

E como um perdido
Pergunta descrente
Quem é, de onde vem
Quem fez o Universo
Para onde vai.





.....................................................................................................................



LAMA DA VIDA

O sol presente,
Presente dos céus,
Incide no verde, na vida,
Na clorofila do manguezal.

À luz das águas afastam-se espumas,
Alicerçam-se ideais,
Eleva-se a vida aos mais altos palcos
Micróbios, macróbios, onívoros comensais
Em perfumados jazigos e sulfídricos vergeis.  

Poesias fervilham em festival;
Corre nas veias, mais do que sangue,
Que hemoglobina: xilema, floema,
Propágulos, rizomas, água e sal. 
Caem folhas e vidas. Critica o poema,
A queda precoce, com olhos florais.
 
Nas cavernas profundas, no lamaçal,
Caranguejos e ostras, sem consciência,
Agonizam a já impossível sobrevivência.
Aflora-se justiça diante da lama, da natureza,
Da folha caída, da árvore tombada.
Mangueza-se a beleza, natura-se a alma,
Sublima-se a lama, a lama da vida.


Nenhum comentário:

Postar um comentário